Cato em minha memória, mas realmente não sei qual era a maior característica de Otto. Sempre que penso sobre ele, somente visualizo algo pesado, esdrúxulo e espaçoso. Estranho não?!
Otto era um Dogue Alemão que apareceu na minha vida um ano antes que eu saísse da casa da minha mãe. Na verdade, ele foi uma aquisição mais ou menos programada para o ocupar e proteger o lugar que eu ia morar. Ele mais ocupou que protegeu!
Acho que ele entendeu, mais cedo que eu inclusive, que é muito melhor ser amado que eficiente no trabalho...o problema é que ele esquecia que, às vezes, a gente tem que fingir que tá trabalhando!
E, naquela única vez talvez que ele fingiu, todo mundo percebeu! Foi lindo!
Ele agradava a todos e, ainda bem, que os malfeitores não descobriram isso!
Otto deveria ser magro e elegante como os da sua raça. Não era! Era mal feito e gordo, exagerado, espalhafatoso e cheio de algumas manias. Como passava o dia inteiro solto e sem nenhuma amarra, teve tempo de desenvolver uma rotina própria e, pior, tinha apego por ela. Corria quase nunca! E pisar na terra? Nunca! Sentir no pêlo uma minúscula gotícula de chuva? IMPOSSÍVEL!!!
Esse problema de Otto com a água era tão sério que, na véspera de sua morte e muito doente (quase desacordado), caiu a maior chuva. Isto fez com que o cachorro levantasse e caminhasse até um espaço sem qualquer risco molhado. Já era convicção!
As alterações possíveis para a sua rotina baseavam-se na nossa chegada, mas isso também era rotina! Neste momento, ele posicionava-se nas portas mais próximas dos lugares que estávamos e participava das nossas conversas, brigas, refeições e até esperava um pequeno prêmio como um osso ou pele de galinha... O rapaz nasceu pra comer!
Desde pequeno, comia ração...odiava! Adorava realmente comida de gente, comida gordurosa, pirão e, como eu, cuscuz ou algo com fubá era o seu fraco! Comeu até o último dia de vida e, nas poucas vezes que parou ou ficou sem fome, era pra mobilizar um hospital!
Entretanto, apesar de comer muito, não era rude...ao contrário! Sabia como proceder numa mesa. Sabia tanto que, uma vez, quase arruinava a reputação inquestionável de seu Paulo (pedreiro da casa). Ninguém, em sã consciência, quis acreditar que este homem não tinha tocado naquela comida posta pra ele na cozinha. Como ele deixou a porta aberta, Otto entrou e devorou um prato com pão, bolo, biscoitos salgados e doces... Pasmem, o cachorro bebeu o café com leite de uma xícara cheia...sem derramar! Tudo isso sem os barulhos indesculpáveis dos rudes! Quem acreditaria em seu Paulo, já que estamos falando de um Dogue Alemão?
Otto adorava os aromas de perfumes, flores, de galeto e daquelas áreas mais íntimas das pessoas... Ficávamos, por vezes, um tanto envergonhados!
Outras situações também nos incomodava: ele arrotava como gente. Quando soltava um leve gemido, era o sinal para que as portas fossem trancadas, pois aquele super PUM com efeitos de ogiva nuclear estava próximo! Ai de quem não corresse ou procurasse proteção!
Mesmo assim, Otto não fazia e nem gostava dos barulhos desnecessários. Não latia em demasia...ele tinha preguiça e se irritava quando Tobias, nosso outro cão, fazia este serviço. Pra ele, isto era um exagero e imperdoável! Não esqueçam que estamos tratando do dono da casa!
Finalizando, Otto tinha câncer e estava cego. Eu costumava compará-lo ao “meu general”, porém os generais tornam-se busto e não morrem!
Por incrível e difícil que pareça, não consigo lembrar muito bem deste período de doença, nem quero. Apenas mantenho lembranças de uma figura que calmamente repousava a cabeça em meu colo ou deitava no chão para acomodar os meus pés e receber uma coceirinha ao mesmo tempo! Um amigão que cuidava pra não machucar as minhas mãos quando recebia comida na boca e, mesmo muito mal, continuava a abanar aquele imenso rabo como se dissesse “relaxa!”
Dizem que o cão é o reflexo do dono e Otto era a minha cara: gordo, grande, mal feito, estabanado e adorava cuscuz!
Otto era um Dogue Alemão que apareceu na minha vida um ano antes que eu saísse da casa da minha mãe. Na verdade, ele foi uma aquisição mais ou menos programada para o ocupar e proteger o lugar que eu ia morar. Ele mais ocupou que protegeu!
Acho que ele entendeu, mais cedo que eu inclusive, que é muito melhor ser amado que eficiente no trabalho...o problema é que ele esquecia que, às vezes, a gente tem que fingir que tá trabalhando!
E, naquela única vez talvez que ele fingiu, todo mundo percebeu! Foi lindo!
Ele agradava a todos e, ainda bem, que os malfeitores não descobriram isso!
Otto deveria ser magro e elegante como os da sua raça. Não era! Era mal feito e gordo, exagerado, espalhafatoso e cheio de algumas manias. Como passava o dia inteiro solto e sem nenhuma amarra, teve tempo de desenvolver uma rotina própria e, pior, tinha apego por ela. Corria quase nunca! E pisar na terra? Nunca! Sentir no pêlo uma minúscula gotícula de chuva? IMPOSSÍVEL!!!
Esse problema de Otto com a água era tão sério que, na véspera de sua morte e muito doente (quase desacordado), caiu a maior chuva. Isto fez com que o cachorro levantasse e caminhasse até um espaço sem qualquer risco molhado. Já era convicção!
As alterações possíveis para a sua rotina baseavam-se na nossa chegada, mas isso também era rotina! Neste momento, ele posicionava-se nas portas mais próximas dos lugares que estávamos e participava das nossas conversas, brigas, refeições e até esperava um pequeno prêmio como um osso ou pele de galinha... O rapaz nasceu pra comer!
Desde pequeno, comia ração...odiava! Adorava realmente comida de gente, comida gordurosa, pirão e, como eu, cuscuz ou algo com fubá era o seu fraco! Comeu até o último dia de vida e, nas poucas vezes que parou ou ficou sem fome, era pra mobilizar um hospital!
Entretanto, apesar de comer muito, não era rude...ao contrário! Sabia como proceder numa mesa. Sabia tanto que, uma vez, quase arruinava a reputação inquestionável de seu Paulo (pedreiro da casa). Ninguém, em sã consciência, quis acreditar que este homem não tinha tocado naquela comida posta pra ele na cozinha. Como ele deixou a porta aberta, Otto entrou e devorou um prato com pão, bolo, biscoitos salgados e doces... Pasmem, o cachorro bebeu o café com leite de uma xícara cheia...sem derramar! Tudo isso sem os barulhos indesculpáveis dos rudes! Quem acreditaria em seu Paulo, já que estamos falando de um Dogue Alemão?
Otto adorava os aromas de perfumes, flores, de galeto e daquelas áreas mais íntimas das pessoas... Ficávamos, por vezes, um tanto envergonhados!
Outras situações também nos incomodava: ele arrotava como gente. Quando soltava um leve gemido, era o sinal para que as portas fossem trancadas, pois aquele super PUM com efeitos de ogiva nuclear estava próximo! Ai de quem não corresse ou procurasse proteção!
Mesmo assim, Otto não fazia e nem gostava dos barulhos desnecessários. Não latia em demasia...ele tinha preguiça e se irritava quando Tobias, nosso outro cão, fazia este serviço. Pra ele, isto era um exagero e imperdoável! Não esqueçam que estamos tratando do dono da casa!
Finalizando, Otto tinha câncer e estava cego. Eu costumava compará-lo ao “meu general”, porém os generais tornam-se busto e não morrem!
Por incrível e difícil que pareça, não consigo lembrar muito bem deste período de doença, nem quero. Apenas mantenho lembranças de uma figura que calmamente repousava a cabeça em meu colo ou deitava no chão para acomodar os meus pés e receber uma coceirinha ao mesmo tempo! Um amigão que cuidava pra não machucar as minhas mãos quando recebia comida na boca e, mesmo muito mal, continuava a abanar aquele imenso rabo como se dissesse “relaxa!”
Dizem que o cão é o reflexo do dono e Otto era a minha cara: gordo, grande, mal feito, estabanado e adorava cuscuz!