quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

A crise do Yogurt

Um pote de yogurt desnatado custa, em média, R$ 1,10. Como pretendo levar uma vida com mais saúde, incluí este elemento na minha dieta.
Há duas semanas, estive em um supermercado e, sem muitas variações, o preço do yogurt continuava o mesmo. Eu olhei, olhei...e, por uma questão de racionalização de orçamento, resolvi não comprar.
Ontem, estive no mesmo supermercado e, pasmem, este yogurt estava sendo vendido pela bagatela de R$ 0,58. Comprei dez potes.
Estava aqui pensando comigo: eu estava obedecendo à lei dos telejornais que indicam que o consumidor pesquise, pechinche e procure as melhores ofertas. Enquanto isso, o pobre alimento estava ali, naquela prateleira gelada, a espera de um dono. Posso até imaginar a ansiedade do mesmo cada vez que passava um possível comprador. Ele na geladeira e eu, durante este tempo, fui a diversos supermercados, comprei muitas coisas, fui ao dentista, à terapia, trabalhei todos os dias, andei de bicicleta...e o yogurt na mesma prateleira gelada.
Ontem, resolvi encarar a desvalorização e, finalmente, levei o produto pra casa.
Hoje, tentei degustá-lo.
Com todo o direito de quem é tratado como mercadoria, o yogurt azedou.
E o dono do supermercado, como todos os liberais e Deus, continuam esperando que as coisas se resolvam pelas leis do mercado.

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

A Formiga e o Elefante

Como moro sobre um gigante formigueiro, é impossível não observar, em certos momentos, o comportamento das criaturas. Nas grandes tarefas, num carregamento de comida ou nos eventos que mobilizam um grande contingente, acho interessante como estas formigas, no vai e vem e ao passarem por outras, confirmam a sua existência ou tarefa em realização com um encontro de cabeças que, na minha imaginação, é acompanhado com algumas palavras de incentivo como, por exemplo, ‘vamos lá!’
Aplicando à minha realidade, malho na academia da empresa que trabalho que, por sinal, possui milhares de empregados. Como as pessoas não se conhecem, mas possuem, pelo menos na academia, um projeto comum, não é difícil perceber os rituais de confirmação de tarefa do formigueiro. Às vezes, também tenho a mesma sensação nos corredores com todos os ‘bom dias’, ‘boras’ ( junção de ‘vamos embora’), ‘ôpas’...
A mecanização é tão forte que sinto, muitas vezes, que sou parte e simples importância desta enorme engrenagem construída por formigas. Talvez por isso, sempre recusei a simples confirmação de existência ou tarefa, o que pode ser entendido como intromissão ou indiscrição por alguns. As informações que disponho sempre me confirmaram que ganho mais com a recusa.
Durante 2008, perdi duas colegas que trabalharam comigo.
Rose era mais uma formiga desta imensa empresa que, de repente, teve um enfarto fulminante. Morava sozinha e era admirada, inclusive, por sua elegância e discrição. Era tão discreta que tinha passado a semana com sensações ou dores estranhas e ninguém percebeu. Na noite da morte, foi de táxi sozinha e conseguiu discretamente ser atendida num dos melhores hospitais da cidade. No atendimento, ficou sozinha por alguns minutos para que o médico checasse algo fora da sala. Faleceu.
Tenho um ideal romântico de morte que inclui últimas palavras, suspiro e a confirmação de uma vida sentida ou da resistência da morte. Para isso é preciso platéia, direção, roteiro...Rose estava sozinha no fim!
A loucura disso é que fico pensando nos acasos, no motorista do táxi e nas conversas do caminho. Ainda fico pensando no ‘até amanhã’ que ela deu no dia anterior ou nos planos de atividades acertados para os próximos dias. Não vi nada disso porque trabalhávamos em salas diferentes.
Com a morte percebi duas coisas: a primeira que Rose era muito viva, pelo menos em mim e eu, apesar de conhecê-la há pouco tempo, sabia muito sobre ela. O que não acontecia com os outros colegas de trabalho.
A segunda coisa foi que, como no mundo das formigas, após a confirmação de não vida, a vida continuou para as outras e, rapidamente, esquecemos o que tínhamos vivido ou perdido. Lembro que, durante o funeral, as frases de confirmação eram ‘vamos em frente!’ e ‘pensemos que ela está de férias!’ (por sinal, as férias de Rose começariam na próxima segunda-feira.)
A outra colega chamava-se Lia que, professora como eu, caracterizava-se por ser viva e apaixonada. Era uma senhora, mãe e profissional que aparentava estar no fim de carreira, mas surpreendeu a todos ao passar no programa de mestrado em Geografia da UFPE e, por fim, em mais um concurso público para o CEFET, de instância federal.
Lia ria sempre e vibrava suas conquistas, tinha características do profissional que busco ser.
Entretanto, passou o primeiro semestre de 2008 lutando contra um câncer e faleceu em Julho. Tudo isto estaria no script das minhas reflexões previsíveis para o ano se eu não tivesse descoberto, por acaso, sobre morte de Lia em Dezembro.
Ao visitar as comunidades do Orkut (web) das escolas que trabalhei, fiquei chocado com as homenagens feitas pelos alunos para a grande professora. Os alunos do CEFET também tinham lançado, no fórum de uma comunidade, sua homenagem para Lia.
Por que só tomei conhecimento, por acaso, sobre a morte de Lia no final do ano?
Ora, tenho amigos ou contatos com pessoas que continuavam trabalhando com ela, mas, mesmo assim, ninguém tinha me dado uma pista sobre o ocorrido. O que houve? Estas perguntas me incomodavam tanto que, até mesmo porque desconfiava das respostas, perdi a noite e um pouco do equilíbrio naqueles dias.
O ser humano das recusas dos sistemas, do engajamento e da emoção, para tornar o seu cotidiano mais eficiente, conseguiu confeccionar um sistema previsível próprio...
Eu também sou uma formiga!?!?!?!?!
Tão formiga que não fazia parte mais dos espaços que acreditava pertencer. Tão formiga que, muito ocupada carregando o alimento para a toca, não observava as mudanças ocorridas em seu entorno. Enfim, tão formiga que era um alienígena nos mundos que faziam parte da minha história e, por isso mesmo, ninguém conseguia mais estabelecer elos que resgatassem a minha identidade anterior.
Conversando com outra amiga, tomei conhecimento sobre a luta de Lia, sua tristeza e fé por acreditar na vida. Por outro lado, também percebi que não fazia parte mais daquela realidade, que as pessoas não mais me reconheciam nela.
Recobrei o meu sentimento pela morte da minha colega, mas estava sozinho pra pensar sobre ela. A lembrança de Lia criou um elo maior sobre o que foi a morte de Rose. Ambas ensinaram-me coisas que não se localizam em processos técnicos, mas na fala, no toque e na invasão ou pertencimento ao outro.
Por fim, tomei conhecimento, numa roda muito popular, que ser acusado de formiga significa viver apenas pela comida e, por isso, faz-se ou submete-se a qualquer coisa. Aí está a reflexão:
faz quanto tempo que estamos vivendo apenas pela comida ou pelo dinheiro, para ser mais exato?
Como as formigas, não conseguimos mais pensar sobre o nosso processo produtivo, sobre o trabalho que realizamos e, pior, sobre o produto ou fruto desse trabalho no ambiente social. Somos os reprodutores sem pai ou mãe de uma lógica e lucro que não é nosso. Somos eternamente carregados de trabalho (e é “lindo isso!”), mas para quê ou quem?
Finalizando e mantendo o tema, adoro aquela historinha do elefante e a formiguinha!
Sem muitos problemas, rapidamente o elefante cobra da formiga serviços sexuais por ter ajudado na travessia de um rio. O legal disso é que o elefante aqui aparece não como uma figura lenta, paciente e obediente. Ao contrário, ele é tanto um transgressor da imagem do bom como a possibilidade de funcionamento de uma outra lógica numa estrutura enorme.
Sempre achei que era, por muitos motivos (inclusive o peso), este tipo de elefante. Entretanto, refletir sobre a morte impôs reformulações e metamorfoses. Impôs sem defesa a transformação na formiga, na operária reprodutora que, além da comida, necessita dos elementos confortantes da classe média para parecer segura. Impôs descansar na idéia que as pessoas não passam por nós por acaso e que, às vezes, somos o espelho de uma possibilidade de vida.

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Feliz Ano Novo!

Heitor vai fazer um ano e, sinceramente, para mim seria muito difícil historiar aquilo que poderia chamar do “primeiro ano do resto da minha vida”!
Vivi todas as crises internas e me refiz de todas as formas...assisti aos modelos que escolhi e os que rejeitei para ter certeza do que buscava.
Por que ninguém me disse que era FODA!?!?
Acho que aqui mesmo já escrevi que estava tentando afastar as idéias negativas daqueles que eram pais de “criancinhas bonitinhas” e encarar com outros olhos o processo. Na verdade, acho que fiz isso, até mesmo porque Heitor nunca apresentou ou trouxe um destes problemas reclamados.
Na real, acho que o principal ponto é que as pessoas erram em avaliar situações...erram em pensar que o problema está fora, que a mudança foi trazida apenas pelo bebê.
No meu caso específico, FODA é me perceber outro!!!
Significa ser outro sem desencarnar e com algumas pendências da vida pregressa!
Sei que cada geração tem seu karma e o seu modelo de superação dele. Às vezes, isto pode se confundir em uma mesma coisa.
Por exemplo, a minha mãe que se acha uma prima próxima de Nossa Senhora (Maria). Ao mesmo tempo, o karma de sofrimento da mãe obstinada que, ciclicamente, doa o sangue pelos filhos é superado por valores e ideais superiores que se concretizam em chão e caminho para ela.
No meu caso, mesmo odiando o que vou dizer, tenho a síndrome do “Arquivo Confidencial” de Faustão. Sempre acho que um dia, estarei emocionado em uma homenagem pública com as pessoas da minha vida reconhecendo, pelo menos, a minha existência ou a diferença que fiz no mundo. Sempre acho que devo ganhar uma fita azul pelos meus feitos diários e, exclusivamente por isso, estas ações precisam ser perfeitas! Acho até que já sei minhas palavras de agradecimento...
Para não desviar do foco, como quis ganhar a faixa da certificação, tentei fazer de Heitor o modelo de bebê com todas as discussões pertinentes ao mundo que considero legal hoje e que, muitas vezes, não consigo concretizar para a minha vida.
Aleitamento exclusivo, ausência de açúcar e sal, presença de cereais e alimentação saudável ou natural, pai com emoção e dedicado, amor incondicional, não diferenciar pessoas para contatos com o bebê; babá participativa e dona de uma história/conteúdo aplicável...todas as horas dos meus dias, inclusive nos sonhos, estes assuntos estavam presentes em 2008.
Esperei como ninguém apresentar o mar ao meu bebê e fazer, deste momento, algo especial para o registro do hall de experiências inesquecíveis da vida dele (ou da minha)! Fiz isso e, apesar de um posterior relógio (a prova de água) cheio de água salgada e quebrado, acreditei mais uma vez que fazia parte do ranking dos grandes pais do mundo. Isto tudo foi tão forte em meu cotidiano que, exceto pela terapia, esqueci de quem era antes ou, melhor (para homenagear um amigo kardecista), reencarnei de novo(com outra vida, percepções) no mesmo corpo! Mudei pra caralho e continuei gordo!!!!
Bar ou boite passaram a ser coisas que existem em Nova York e, como as passagens são muito caras, motivos tão fúteis e fracos não justificam desvios da grana das fraldas ou do leite, não justificam o desconforto da alteração da rotina do bebê. Novas informações e leis no gerenciamento do projeto filho.
Por fim e, como tudo, o primeiro ano está acabando. Parece que começo a colocar (com muitos acordos, lógico!) a cabeça para fora do buraco.
Neste tempo, continuei a ginástica, andei de bicicleta um bocado, fiz uma cirurgia, compramos um carro e outras coisinhas (dividazinhas...).
Num mesmo universo, vi que estava e já era diferente! Experimentei sentimentos que há muito tempo não ousava, afinal contê-los faz parte do ideal da civilização moderna e burguesa disfarçada de esquerda.
Ah, também trepei menos! Perdi os peitos de Anne para Heitor e, incrivelmente, não estabeleci uma competição desenfreada. “Seria como tomar doce de criança!” (risos).
Mantemos o poder também na ilusão!
Acho que já ganhei a certificação! A fita azul por um ano de pai sobrevivido! Anne e Heitor já ganharam lugar certo no meu “Arquivo Confidencial”! (risos)

terça-feira, 22 de abril de 2008

Sinto!

Já faz algum tempo que não volto aqui. Por muitos motivos interrompi o hábito de registrar aquilo que experimento, apesar de considerar este registro como algo complementar à terapia. Contudo, não quero me impor cotas de sentimento e percepção! Mas sinto!
Quero dizer que experimento, nestes meses, não somente a aventura de ser outro, mas o prazer de mergulhar num universo que arrisquei ter, que aprendo a ser e que não quero voltar!
Tenho pouco tempo para aprender o meu filho. Ele já sabe disso!
Vejo Heitor chorar pouco, rir pouco. Não vi ele mamar, acordar ou ir dormir todos os dias.
Algumas pessoas dizem que ele parece comigo. Preciso disso!
Quero ser nele!
Também gosto que ele pareça com a mãe. Sou marido de Anne e, unicamente por isso, pai de Heitor. Aprendemos juntos e somos aquilo que lutamos, que negamos... ar e água.
Parece papo de todo mundo, mas nestes dias colei no meu bebê. Conversamos muito e, por uma questão de quem não tem tempo a perder, decidimos por conversar na língua dele! Gargalhamos muito. Cantei pra ele e ele dormiu no meu braço. Até cantamos uma música juntos!
Nestes dias, senti aromas, restabeleci sabores.
Quando poderei ser homem, amante, pai e cantar outra vez?

terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

Pai, Filho e Espírito Santo

Heitor nasceu!
Apesar do risco de um parto prematuro com a hemorragia de um descolamento de placenta, parece que ele escolheu a hora de nascer! Não respeitou ninguém, nem as provisões, nem o planejamento, nem as previsões...
Em segundos, entendi qual era o meu real papel e acabei com as frescuras de medo de sangue, da pressão do momento, da possibilidade da morte no evento. Percebi que, antes, tinha medo de ser testemunha de algo que eu não gostaria de conviver.
Cedo, ainda bem, tomei as rédeas daqueles que são meus e, somente eu, poderia e deveria estar ali.
Somente eu vi o olho de Anne e o tudo que ele denunciava. Não sei como sabia que estaríamos bem. Mas quando?
Vi meu filho que, durante oito meses, era tão misterioso!
Somente eu e a mãe dele sabíamos o que estávamos vendo! Sabíamos que ali existiam medos, dores, passado e (des)culpas...
Vimos e sabíamos o que era o choro que ouvimos!
Ele estava lá em choro, em movimento e em dor por perceber o mundo!
Finalmente nos encontramos e, de repente, viramos família. Tínhamos obrigações, um cotidiano e rotina para construir.
O grande problema das surpresas é que elas impedem a concretização de um projeto perfeito. Por outro lado, garantem emoções não previstas ou calculadas. A ausência do aparato tecnológico necessário aos pais ou acompanhantes de grávida durante parto, permitiu que, ao invés de tentar conseguir imagens de sentimento ou a revelação primeira da cara do novo cidadão, possibilitou a existência minha ali em tensão, companheirismo, dúvida, ansiedade...tive a chance de me perceber vivo, companheiro, pai e NUNCA um cinegrafista. Participei!
Estamos, neste momento, experimentando a construção de um projeto que impõe desdobramento. Além de PAI e MÃE, percebemos que temos empregada pra mandar, compras convencionais pra fazer, pensar todo dia em almoço e jantar e, pior, perceber e administrar a infra de uma casa. Donos de casa!
Pra completar, na sexta de carnaval, Heitor foi internado por conta de forte icterícia e passou 4 dias no hospital. Foi um período até tranqüilo, considerando um ambiente de hospital e no CARNAVAL! O folião virou pai!
Parece redundante e papo repetitivo, mas como é importante voltar pra casa neste momento e perceber que o bebê tem saúde! Como é ruim assistir à recuperação daquele bebê que era barriga e ultra som e, de repente, virou pessoa minha com luta e metas pra atingir.
Ele chegou, mas se isso não fosse possível eu e a mãe dele já sabíamos que explodiríamos o Hospital, os médicos e todos aqueles que não permitiram que o MEU FILHO finalizasse aquele ciclo o quanto antes!
Hoje, Heitor tem 26 dias de vida fora da barriga. Por isso mesmo, tive que encarar, além do novo, a antiga rotina de trabalho.
A maior parte dos dias úteis, trabalho, pelo menos, 12 horas. Isto significa, agora, 12 horas de ignorância das vivências do meu filho.
Percebi que, neste processo, antes de um filho buscava ou até ignorava a existência de um outro homem. Reinventei uma criatura que se depara com um universo desconhecido e não sabe se tem que enfrentar ou aceitar. Vivo cada e decido segundo.
No início desta “invenção” fui o Super, mas o medo reconfigura e mina qualquer definição.
Saio de casa todos os dias com uma imagem do meu bebê, de Anne e de um castelo que parece desprotegido. Tenho a agonia de esperar e até apelar para o abstrato.
De repente e não sei quando, comecei a rezar!


terça-feira, 22 de janeiro de 2008

Eu quero frevo!

Sou recifense da gema e, por isso mesmo, percebi que, há anos, esta época do ano me deixa com certa aflição.
Por amor ao Recife e a Pernambuco, pelo trabalho com escola e turismo, por amigos e pelo carnaval, carrego comigo uma série de informações, concepções e credos daqueles que realmente se orgulham de onde vivem e do legado histórico / cultural que nos pertence.

Sou do carnaval. Sinto-me tão parte dele que até desenvolvi um gingado, ombro a cima, para o caso de filmagens em helicópteros.
Sinto que é responsabilidade também minha mostrar ao mundo a nossa animação, garra, colorido e igualdade de oportunidades.
Nós ainda não temos isolamentos, espaços vips, camarotes...reformulando, cada vez mais percebo “Casas da Globo”, “Camarote do Galo”, qualquer coisa beer...

É complicado viver num mundo com pessoas que não imaginam viver, sem que todos percebam o seu poder de consumo e que, estes, podem decidir sobre o espaço público.

O grande problema é que não dá pra mercantilizar aquilo que é abstrato, que faz parte de um aprendizado e construção secular, aquilo que vem das experiências coletivas.

Pessoas que não se misturam deveriam ir pra casa de praia, fingir que precisam descansar porque trabalham muito...porque o foco “é muito violento!”
Ultimamente, tenho também percebido um grupo de criaturas “animadas” e que se acham a expressão da folia e, por isso, não conseguem deixar o carnaval. Até ensaiam um cordão de isolamento com uns seguranças e, pior, contratam desempregados (garçons) para servir whisky em copos de vidro.
Afinal, gente fina e animada não pode passar sem um escocês em baixo de um sol de 40º!
Como é uma bebida muito pesada pra carregar, é realmente necessário um outro para servir e carregar a garrafa na multidão!

Na verdade, não iniciei este texto pra falar sobre gente assim. O assunto terminou aparecendo! Estava escrevendo pra falar sobre a minha pessoa que, venhamos e convenhamos, é um assunto mais seguro e sem possibilidades de confusão.

Como iniciei, a minha aflição vem de enlouquecer pra encontrar uma resposta sobre a dificuldade em dançar frevo! Que dancinha difícil do caralho!!!!!!!
Eu já justifiquei a minha lealdade a Pernambuco e já até me apropriei de um hall de informações e atitudes necessárias ao recifense, olindense...
Por que, então, saber frevar...ter ritmo de frevo não faz parte desse pacote?
A dança não faz parte das manifestações culturais de um povo, afinal?

Como disse abaixo, no meu momento de encarar com naturalidade o desafio e a nova experiência, resolvi participar de uma aula de frevo promovida pela academia que “malho”.
Pra ser sincero, todos os anos, quero, sempre em janeiro, encontrar uma turma de frevo para me matricular, mas nunca fui as vias de fato.
Hoje, fui ao encontro da minha completude de identidade!
RESULTADO:
Uns nascem pra dança e outros pra porra nenhuma!!!!! Eu.

Lógico que segui, inconscientemente, a seqüência do texto abaixo: fui de verde, cheguei atrasado, errei quase tudo e, lógico, participei do momento “eu não devia ter ido!
Este é aquele momento da culminância do aprendizado da aula. Este é o momento que o aspirante a passista faz uma dancinha, sozinho, no meio da roda com uma sombrinha de frevo e incentivado pela professora. É melhor passar o assunto!!!!
Já no momento coletivo, eu, modéstia a parte...passamos o assunto também!!!!

Por fim, numa sala de academia toda espelhada e com a intenção de dançar FREVO, eu até sobrevivi, mas não sei se me atrevo novamente!
Espero que meu filho complete ou conserte esta ‘besteirinha’ rítmica!

segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

Malhação?

Como todo senhor do exagero, considero-me também senhor de todos os micos.
Nada fora do comum, exceto pela constatação que cometo uma gafe, encontro-me numa “saia justa” ou percebo uma situação, no mínimo, constrangedora, pelo menos uma vez por dia.
Até aí faz parte da vida...agora é aceitar o destino!
O grande problema é que, depois de 31 anos bem vividos e engordados, resolvi entrar num programa de Qualidade de Vida promovido pela empresa que trabalho. Na verdade isso significa entrar numa academia de ginástica e, pra entrar bem no clima, traduz-se em fazer dieta e “MALHAR”! (Ahr!!!)

Pra nós, vamos dizer assim, “avessos” a este estilo de vida, significa que você passará a vivenciar situações completamente DIFERENTES das rotineiras, sem contar que também iniciamos uma cadeia de emoções que, puta que pariu, é melhor não sentir!

Tudo se inicia na avaliação.
Este momento deveria ser estudado pelos físicos e filósofos, pois é ali que se encontra maior carga de energia de ‘efeito contrário’ produzido por um ser humano.
Você chega e um cara sem uma gota de gordura (nem no lábio) está esperando por você...pior sorrindo!
Primeiras palavras torturantes: “tira a camisa!” Deu-se a desgraça!
Neste momento, como uma defesa masculina obesa ao constrangimento chega a porra do "efeito": o pinto entra, a barriga projeta-se pra frente de forma jamais vista, os músculos inexistentes do braço e do peito transformam-se em camadas de gordura que apontam para o chão e, pra completar, a sua cara esboça um riso amarelo que quer dizer “normal!”, mas no fundo dá uma vontade de dizer “desculpa, desculpa!!!!”.
A tortura continua porque ele manda você colocar aquela tira que fica medindo a freqüência cardíaca embaixo do peito. Não que doa ou aperte, na verdade nessa hora é o que menos importa...o problema é que a porra da tira ao mesmo tempo que suspende, deixa os peitos bicudos e pra frente!
Sem brincadeira, isso dura horas de “levanta”, “senta”, “você já fez algum tipo de exercício antes?” Ou seja, você tem que responder e ficar sentado de frente pro cara e o peito lá...bicudão! Não tem riso amarelo que se mantenha!
Pra variar, o resultado da avaliação foi aquele esperado: NADA PRESTA!

Primeiro dia: mico!
Não selecionei bem o figurino e escolhi uma combinação de shorts e camisa verdes...já o tênis tinha uma faixas verdes também.
Pense em 1,85 m de milhares de quilos verdes caminhando numa esteira refletida tridimensionalmente...não pense!
Quando um gordo resolve uma loucura, como ir pra academia, quer ficar assim escondido e resumido e não ser a imagem de um armário de alface!!!!
E, pra entender melhor, nós não sabemos fazer aqueles jeitos de levantar os pesos, nem pensar numa postura ou murchar a barriga...é no mínimo estranho!!!

O começo, sendo bem simples, é algo que fica entre um ataque epilético e uma crise de labirintite, quando se tenta demonstrar que tá tudo normal e nada demais está acontecendo!

Sobrevivi, mas todo dia era algo inusitado!
Já caí, já achei que tava super malhado e levei carão da professora, já peidei sem querer e, os que não ouviram, reclamaram do mal cheiro...
Faz seis meses que estou na luta!
Antes eu achava que eu continuava pra poder tomar banho no meio do expediente. Voltava super relax e olhava todo mundo muito bem e até com amor no coração!

Também tive ganhos. Emagreci e alguns músculos apareceram.
Hoje, faço CORRIDA na esteira e tou muito mais tranqüilo e seguro quanto a convivência com meus colegas da academia. Acho até que tou enfrentando tranqüilamente novas situações.

Aquele avaliador virou colega e ombro pra dividir angústias, pois ele também é professor da rede pública. Hoje, tenho certeza que jamais passou pela cabeça do Sr. “sem gordura nem no beiço” aquilo tudo que eu imaginei que ele avaliava.

Por fim, tenho pensado numa frase que já vi em muitas camisetas por aí. A frase diz assim:
“Sou gordo, mas posso emagrecer! E você que é feio?”
A vida de gordo faz com que tentemos potencializar os nossos talentos, o nosso melhor sorriso, a melhor pose, ter o melhor papo pra atrair a presa...
Ainda, ser gordo desenvolve algumas habilidades como estudar pra se safar/compensar, pros outros, não fazer a ginástica saco da escola. Desenvolve a habilidade de ficar muito bem, mesmo quando o mundo cobra que você seja um pouco mais estreito!

Na verdade, aprendemos a falar para descrever um mundo que se distancie do foco que somos e que não queremos evidenciar.

Resumindo, estou construindo uma potência do futuro: lindo, malhado e sabido!!
Posso emagrecer!!! E você???